Bugatti

Home   /   Bugatti

Bugatti

GuiaK, Bugatti, História da Bugatti

Bugatti Automobiles S.A.S é uma marca de automóveis fundada por Ettore Bugatti em 1909, com sede na cidade francesa de Molsheim, na Alsácia. Depois de muitos altos e baixos, ela passou para o controle italiano em 1982, com sede em Módena, onde foram montadas 150 unidades do modelo EB 110. Mas a aventura durou pouco e em 1995 a marca entrou em falência. Em 1998 os direitos sobre a Bugatti foram adquiridos pelo Grupo Volkswagen. A Bugatti até a data é presidida por Franz-Josef Paefgen e tem apenas apresentado como superdesportivo três modelos, o já referido EB 110, o Bugatti Veyron com 3 versões Veyron 16.4, Veyron 16.4 Grand Sport (conversível) e o Veyron 16.4 Super Sport (Top). Existe ainda um protótipo de 4 lugares chamado Galibier.

Um dos seus modelos, o T35 (Tipo 35), iniciado em 1924, é considerado o maior vencedor de corridas de todos os tempos, atribuindo-se-lhe 1850 vitórias em competições.

Ettore era de uma família artística, nomeadamente com a sua origem, em Milão.

Ele era o filho mais velho de Carlo Bugatti (1856-1940), um importante mobiliário e designer de jóias Art Nouveau, e sua esposa Teresa Lorioli.

Seu irmão mais novo era um escultor de renome animais, Rembrandt Bugatti (1884-1916).

Sua tia, Luigia Bugatti, era a esposa do pintor Giovanni Segantini. Seu avô paterno, Giovanni Luigi Bugatti, foi um arquiteto e escultor.

Início da carreira

Antes de fundar seu automóvel de mesmo nome da empresa de fabricação de Veículos E. Bugatti, Ettore Bugatti projetou uma série de motores e veículos para os outros. Prinetti & Stucchi produziu seu 1898 Tipo 1.

A partir de 1902 através de 1904, Dietrich construiu sua Tipo Tipo 3/4 e 5/6/7 sob a marca Dietrich-Bugatti.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

Em 1907, tornou-se um empregado Bugatti de Deutz Gasmotoren Fabrik, onde projetou o tipo 8/9.

Veículos E. Bugatti fundada 1909

Apesar de ter nascido na Itália, Bugatti estabeleceu sua empresa automobilística de mesmo nome, Automóveis E. Bugatti, na cidade alemã de então Molsheim na região da Alsácia, do que hoje é a França.

Automóveis E. Bugatti era conhecido pela engenharia avançada de seus carros de estrada premium e seu sucesso em corridas de início do motor Grand Prix.

A Bugatti foi conduzido para a vitória no primeiro Grande Prêmio de Mônaco.

A personalidade de Ettore Bugatti é das mais fascinantes da história do automóvel, e, por sua versatilidade, relembra alguns caracteres bizarros e inteligentes da renascença, não domesticados pela dura rotina da técnica. Basta dizer que pelo menos durante 30 anos, o seu nome significou a personificação do espírito competitivo para os volantes desafiados por ele, um pilar de sabedoria técnica para todos os entusiastas europeus de corridas; uma portentosa habilidade mecânica como projetista, para os ricos consumidores de seus carros de prestígio firmado.

Tudo isso foi concebido por sua grande cabeça, sempre coberta por um chapéu de feltro, que era usado de acordo com seu humor. Inclinado, quando bem humorado; bem enterrado na cabeça quando estava agitado. De imaginação fértil permanente e incapaz de externar as irritações do cotidiano, sua falta de cuidado era famosa… Com. 16 anos, ele planejou, e construiu um triciclo revolucionário com dois motores; aos 46 anos, solicitou do governo italiano recursos necessários à construção do que poderia ser descrito como uma espécie de submarino de ficção científica, equipado com oito motores, e com o qual pretendia atravessar o Atlântico em 50 horas.

Era ele realmente um homem de visão ou apenas um excêntrico incurável, com numerosas teorias?

Só agora esta pergunta pode ser feita, quando o tempo parece ter apagado muitos ecos de sua personalidade.

Na verdade, esta questão não poderia ter sido levantada durante sua vida, porque todo o mundo automobilístico admirava seu conhecimento incomparável e sua confiança no planejamento de motores e carros dos mais eficientes, capazes de dominar qualquer corrida.

Em Milão, em 1882, filho de um conhecido ourives que soube transmitir aos filhos, Ettore e Rembrandt, suas tendências artísticas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

Rembrandt tornou-se um hábil escultor, famoso por suas figuras de animais mas Ettore, apesar das origens, foi incapaz de superar a atração constante que sentia pelo som de um motor.

Com 16 anos ele deixou a Academia de Brera para se empregar na oficina de Stucchi e Prinetti, onde um membro do grupo resolveu dar-lhe carta branca, demonstrando com isso inteira confiança na capacidade do jovem.

1901 – Ettore Bugatti em casaco de pele

Por volta de 1898, ele já acabara, de construir seu extraordinário veículo com motor duplo, ao que parece durante suas horas de folga. No ano seguinte, fez para seus patrões um veículo compacto, que certamente poderia ser chamado um automóvel ortodoxo e que também obteve sucesso comercial.

No entanto, em segredo, ele dava vazão a suas idéias bizarras, que alcançariam o clímax com uma máquina de quatro motores. Durante este período, ele também teve condições para conseguir uma série de pequenas vitórias, na maioria das vezes, com um modelo original de 1899. Na época, já unira o completo domínio profissional a seu espírito jovem.

Em 1901, Bugatti fabricou seu primeiro carro de verdade, de quatro cilindros e 12 H.P., no qual podia-se ver a, marca de suas engenhosas idéias, em alguns detalhes: o cabeçote dos cilindros, por exemplo, foi produzido pela primeira vez em uma unidade.

O Barão De Dietrich, que possuía urna fábrica de carros na Alsácia, ouvira falar em Bugatti. Foi à Itália e, além de comprar suas patentes, ofereceu ao jovem milanês uma boa situação na empresa. Bugatti deixou a Itália, voltando alguns anos mais tarde, após tornar-se cidadão francês.

Três anos depois, Bugatti e Emile Mathis fundaram uma companhia, a Hermes Simplex, que, no entanto, teve pouca duração. Em 1907, surgiu a Deutz Motor Co., que teve o privilégio dos serviços do talentoso projetista. Sua primeira realização nesta firma foi um veículo de quatro cilindros, com eixo-comando de válvulas e válvulas na cabeça.

No ano seguinte, ele ganhou a subida de montanha de Gallion, com seu nôvo motor de 1,5 litro, derrotando os monstros de 15 litros. Em 1910, Bugatti alugou uma oficina em Molsheim, Alsácia, e começou a trabalhar por conta própria em um 1400, que denominou Tipo 13, para corridas. Ao mesmo tempo, preparou um carro comercial tão bom que foi imediatamente comprado pela Peugeot e produzido em série sob o nome de Bébé.

Começou então um, período que teria seu clímax por ocasião do início da I Guerra Mundial. Da mente exuberante de Bugatti surgiram, aos poucos, grandes maravilhas mecânicas, nos astros de corridas emocionantes, com vitórias sucessivas e incomparavelmente numerosas (mais de cem). Do tipo 35 surgiram todos os outros modelos originários do primeiro carro de sucesso. A história destes veículos pode ser acompanhada com maiores detalhe em outras partes desta História do Automóvel.

Suficiente será dizer que as inúmeras vitórias dos Bugattis facilmente reconhecíveis pelos espectadores por causa de seu radiador em forma de ferradura foram devidas a sua completa estabilidade e excepcional qualidade de seus motores muito bem projetados.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

Frequentemente apresentavam soluções diferentes (válvulas de entrada menores do que as válvulas de saída, e velas de ignição no lado frio do cabeçote), incluindo detalhes pioneiros: Bugatti foi o primeiro a dar ênfase à utilidade de um compressor.

Entretanto, Bugatti impôs-se rapidamente como construtor de esplendidos carros de passeio. Basta lembrar o Royale oito cilindros, 12.750 c.c., sete carros produzidos e o famoso e popular Tipo 57.

Concluindo esta pequena descrição: Bugatti obteve todos os reconhecimentos oficiais possíveis. Foi convidado repetidas vezes para ir à Itália planejar motores de carros e aeroplanos para a Diatto e Isotta Fraschini.

Mas uma tragédia na família abalou sua vida, tomando o preço do sucesso bastante amargo: seu filho Jean morreu ao testar um dos Bolides. Bugatti faleceu em Paris, em 1947, após uma longa doença.

O Bugatti – Corridas

As corridas continuavam a primar pelo sensacionalismo. O Bugatti dominou a temporada de 1926, quando vigorava a fórmula de um litro e meio. Muitos outros fabricantes tinham preferido capitular em vez de enfrentar as grandes despesas necessárias a uma mudança de fórmula.

Os sucessos dos Bugattis culminaram com vitórias em Monza (Sabipa-Charavel) e no Grand Prix, em Miramas, com Jules Goux, e serviram para criar uma atmosfera de fanatismo partidário entre os seus muitos aficionados. Ser dono de um Bugatti naquela época, na Europa, era motivo de orgulho para poucos privilegiados.

O campeonato mundial, vencido em 1926 por um Bugatti, foi ganho desta vez, em 1927, por um Delage, que neste meio-tempo tinha desenvolvido a fórmula de um litro e meio para os limites de suas possibilidades, produzindo 170 b.h.p. com um veículo com compressão (em 1965, carros Fórmula I de um litro e meio, sem compressão, estavam produzindo acima de 220 b.h.p.). Esta marca venceu os Grandes Prêmios da França, Itália, Espanha e Grã-Bretanha.

Durante três anos, a partir de 1928, os Grands Prix foram corridos em fórmula livre com limites de peso de 550 e 750 quilos. Como já acontecera, sempre que a fórmula livre vigorava, declinou o interesse pelas corridas do Grand Prix. Apesar disso, participaram muitos volantes que se tornariam famosos, como Chiron, Nuvolari, Varzi e Etancelin. O positivo Bugatti tipo 35 continuou conquistando uma impressionante série de lauréis, e entre eles os de Williams, em Comminges, em 1928, e de Chiron, em Monza, no mesmo ano.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

Em 1929; ano da grande crise econômica americana, que teve seus reflexos em todo o mundo, atingindo, inclusive, a indústria automobilística européia, a Inglaterra, pela primeira vez, liderou a produção de carros na Europa, com 255.000 veículos, ultrapassando os 250.000 produzidos na França, naquele ano.

E 1931, assistiu ao fim da existência, como empresas independentes, de dois nomes famosos, quando a Bentley foi absorvida pela Rolls-Royce, e a Lanchester, pela Daimler. Alguns anos antes a Vauxhall fôra comprada pela General Motors.

Ettore Bugatti foi o lendário engenheiro e designer dos mais famosos Bugatti carros esportivos, o fundador da fábrica de automóveis Bugatti, e um dos precursores da engenharia automóvel moderno.

Ettore Arco Isidoro Bugatti nasceu em Milão em 15 de setembro 1881, e com a idade de 17 anos ele entrou como aprendiz a fábrica de bicicletas e triciclo Prinetti & Stucchi, onde ele construiu seu primeiro triciclo acionada pelo motor com dois motores De Dion. Este foi seguido por seu primeiro automóvel em 1900, financiado pelo Conde Gulinelli; a construção foi tão notável que ganhou um prêmio em uma feira da indústria de renome internacional em Milão. Em 1901, mudou-se para Ettore Niederbron na Alsácia para assumir o cargo de diretor técnico do automóvel fábrica da De Dietrich; já que ele ainda era menor de idade, seu pai Carlo Bugatti assinou o contrato em seu nome em 2 de Julho de 1902. Trabalhando para De Dietrich, Ettore desenvolveu novos modelos de automóveis e entrou várias corridas. Depois que ele deixou a empresa em 1904 sua carreira, em seguida, continuou com uma série de posições no desenvolvimento do automóvel e da construção.

1907 foi um ano decisivo na vida de Ettore Bugatti. Ele se casou com Barbara Maria Giuseppina Mascherpa, com quem teve dois filhos e duas filhas, e, em seguida, no dia 1 de setembro, ele assinou com a planta-motor a gás Gasmotoren-Fabrik Deutz, em Colônia. Em seu porão em Colônia-Mülheim, Bugatti desenvolveu um carro extremamente leve, que logo depois ele começou a produzir em seu próprio nome. Em 1909, ele terminou prematuramente o contrato com a Deutz, coletou sua indenização, e alugou uma tinturaria em desuso em Molsheim, Alsace. Assim começou a produção do Bugatti T13, que continuou a se expandir ao longo dos anos. Para Peugeot, Ettore desenvolveu o Bébé Peugeot, e novas licenças para projetos Bugatti foram comprados por Rabag (Düsseldorf), Diatto (Turim), e Crossley (Manchester).

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

A eclosão da Primeira Guerra Mundial assinalou um ponto de viragem na vida de Bugatti. A família se mudou primeiro para Milão e depois para Paris, onde Ettore projetado um 8 cilindros e um motor de avião de 16 cilindros. Depois da guerra, ele se mudou de volta para Molsheim (território francês agora) e re-abriu a planta em sua posição original. Ele continuou a construir luz, carros esportivos elegantes que lhe valeu vitórias em Le Mans em 1920 e Brescia, no ano seguinte – e mais três vezes depois disso. Assim começou uma série de vitórias que durou até 1925 e recebeu diversos triunfos (412 de acordo com a contagem em vez de Ettore Bugatti idiossincrático). No início dos anos 1930, Ettore lançou a produção de vagões motorizados – “Autorails” – que contou com motores Royale, e em 1934 ele iniciou a produção do Bugatti Type 57, o primeiro carro com um chassi projetado pelo filho de Ettore Jean.

Dois anos depois, em Molsheim terreno a um impasse como o resultado de uma greve nacional. Decepcionado com seus empregados e oprimidos pela dívida crescente, Ettore Bugatti mudou-se para Paris, deixando a gestão da fábrica de Molsheim a seu filho Jean. Após a eclosão da II Guerra Mundial, as instalações de produção Bugatti foram temporariamente mudou-se para Bordeaux. Em 1939, Jean foi morto em um acidente de carro e Ettore foi forçado pelos ocupantes nazistas a vender a sua empresa. Após a morte de sua primeira esposa Barbara, ele se casou com Geneviéve Marguerite Delcuze, com quem teve um filho e uma filha. Ettore Bugatti morreu em Paris, em 21 agosto de 1947.

AT 35, no Grande Prêmio da Espanha em São Sebastião, 1925

Ettore Bugatti, com capacete de cortiça, supervisiona o motorista e mecânico.

“Seus carros são realmente ótimos, Monsieur Bugatti, mas para um verdadeiro gentleman, somente os Rolls-Royces são adequados.”

Quando ouviu essa afirmação em uma reunião social no início dos anos 20, Ettore Bugatti não ficou revoltado como se era de esperar.

Uma pessoa obviamente inteligente, Bugatti logo começou a pensar nos motivos que levaram aquela linda jovem bem nascida a dizer tal coisa.

Ettore Bugatti, o criador das lendas, abandonou o curso de artes e foi dedicar-se a sua paixão pelos automóveis

Os Rolls-Royces, apesar de tecnicamente inferiores aos Bugattis, tinham já àquela época qualidade e confiabilidade incríveis. Carros enormes, relativamente velozes e caríssimos, os Rolls eram a escolha preferida da nobreza européia, e portanto a jovem não deixava de ter razão. Bugatti resolveu então que não aceitaria passivamente essa situação.

Discussões inúteis não valeriam a pena: Ettore iria construir sua resposta.

O resultado disso foi o tipo 41 “La Royale” ou, como é mais conhecido, o Bugatti Royale.

Um dos carros mais lendários já criados, por seu glorioso exagero nas especificações, o Royale conseguiu duas coisas: colocar a Bugatti num patamar acima da Rolls-Royce, como pretendido, e apontar à empresa uma direção que a levaria, em última instância, à falência.

O nascimento da marca

Ettore Bugatti nasceu em 1881 na famosa cidade italiana de Milão. Sim, Bugatti era italiano, apesar de construir sua vida e sua famosa empresa na França.

Ettore Bugatti nasceu em um ambiente que seria decisivo para seu futuro: uma família de artistas. Embora tivesse nascido, também, com aquela indefinida característica genética que causa o entusiasmo pelo automóvel, o meio artístico em que nasceu e foi criado teria uma profunda influência em sua vida.

Ettore ao volante de um protótipo do Royale, até hoje o mais longo automóvel já produzido

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

O pai de Ettore, Carlo Bugatti, é até hoje famoso por sua mobília artística. Seu irmão mais novo, Rembrandt, ficou conhecido por suas esculturas de animais fundidas em bronze. A mais famosa delas é o elefante que adornou o enorme radiador do Royale.

Bugatti, desde garoto, apresentou aptidão para a mecânica (uma história repetitiva; qual pioneiro do automóvel não tinha?). Aos 18 anos abandonou a Escola de Belas Artes de Milão, para desgosto do pai, e foi contratado como aprendiz na empresa Prinetti & Stucci, em sua cidade natal. Lá participou de seu primeiro projeto automobilístico, um triciclo motorizado.

A partir daí Bugatti passou rapidamente por várias empresas, até que fixou residência na cidade de Molsheim, na Alsácia francesa, onde conseguiu financiamento para desenhar o primeiro Bugatti: o tipo 10 de 1908.

Dez milhões de dólares

Os Bugattis Royale raramente são postos à venda. Como são carros famosos, historicamente importantes e raríssimos (apenas seis existem), quando alguém resolve vender um, casas de leilão se entusiasmam, fortunas estremecem e todos esperam o momento em que uma quantidade exorbitante de dinheiro trocará de mãos.

Na última vez em que isso aconteceu, num leilão no Royal Albert Hall em 1987, o colecionador americano Miles Collier vendeu seu Royale para o sueco Hans Thulin por quase oito milhões de dólares, o valor mais alto pago por um carro até hoje.

Esse Royale foi um dos que Ettore Bugatti manteve consigo até o final de sua vida, e pertenceu também ao milionário americano Briggs Cunningham.

Agora, a casa de leilões Bonhams & Brooks (a terceira do mundo) foi contatada para revender o mesmo carro, agora em “venda privada”, ou seja, pessoas possivelmente interessadas serão contatadas pessoalmente pela casa de leilões e a venda se dará em sigilo. Espera-se que o Royale troque de mãos novamente por não menos que 10 milhões. De dólares… Nada mau para o que é, para todos os efeitos, um carro usado com 71 anos de idade.

Desde o começo, Bugatti mostrou um senso de estética e proporção até hoje impressionante. Todos os componentes de seus veículos deviam, antes de funcionar bem, ter uma aparência impecável. Os motores sempre foram construídos em perfeitas formas geométricas, sem que nenhuma parte visível ficasse sem acabamento. Até os fundidos eram usinados para um acabamento impecável, mesmo nas superfícies não-funcionais.

O tipo 35, primeira obra-prima de Bugatti: rodas de alumínio com freios integrados, motor de 8 cilindros em linha e 3 válvulas para cada um

Carros de competição se tornariam seu forte, visto que Ettore logo descobriu que os pilotos pagavam qualquer coisa por um veículo competitivo. E, dotados de pára-lamas e pára-choques, esses modelos de competição se tornavam excelentes carros de passeio para os mais abastados.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

Os clássicos imortais

Um dos carros mais conhecidos de Ettore foi o imortal tipo 35, sua primeira obra-prima e um dos carros de proporções mais perfeitas já criados.

Suas magníficas rodas de alumínio ficavam fora da carroceria, uma delicada e minimalista criação que escondia completamente seus componentes mecânicos e culminava com o hoje famoso radiador em forma de ferradura.

E não era só belo: equipado com um motor de oito cilindros em linha — pela primeira vez na marca –, contava com comando no cabeçote e três válvulas por cilindro (uma de admissão, duas de escapamento) e girava extremamente alto para sua época. As rodas eram integradas com os tambores de freio e, por sua construção em alumínio, eram leves e dissipavam bem o calor. Foi o primeiro Bugatti com freios nas quatro rodas, sendo os dianteiros de acionamento hidráulico.

O câmbio permitia engates rápidos e precisos, a estabilidade era lendária.

O eixo dianteiro do tipo 35 se tornaria uma tradição Bugatti: uma peça de seção circular de diâmetro variável, forjada, era então usinada para que o feixe de molas passasse através dele.

Caríssima, mas também bela e excelente em sua função: uma criação de um engenheiro-artista, como o carro que equipava.

O tipo 35 teve longa carreira, de 1924 até 1931. Durante esses anos, 600 unidades foram construídas com versões do oito-em-linha que iam do 1,5-litro de aspiração natural até 2,3-litros com compressor mecânico. Venceu 1.800 corridas, tendo feito sua estréia no GP da França de 1924, quando a Bugatti se apresentou com sete veículos e 45 toneladas de peças de reposição.

Foi o transporte preferido dos playboys dos anos 20 (Isadora Duncan morreu em um deles, quando seu cachecol se prendeu a roda em movimento) e transformou a Bugatti numa marca respeitada e admirada.

Nos anos 20, um tipo 35, carro feito para as competições de GP (a F1 da época), com carroceria fechada para o uso nas ruas. Como fazer o mesmo com um F1 de hoje?

Retrovisores

Dizia-se que Ettore Bugatti não permitia que se projetassem espelhos retrovisores em seus carros, por acreditar que quem dirigia um Bugatti não se importaria com os carros que ficassem para trás. Ao contrário do que reza a lenda, porém, um dos dois exemplares Royale da coleção Schlumpf, uma limusine Park Ward encarroçada na Inglaterra, possui o equipamento.

E então houve o Royale

Desenhado para ser usado pelas cabeças coroadas da Europa, carregava sua mascote paquidérmica no radiador por um bom motivo: era um carro gigantesco. Media 4,32 metros de entreeixos — o que um Astra Sedan tem de comprimento… O carro pesava mais de três toneladas e custava o equivalente a três Rolls-Royces Phantom II. Nenhuma de suas peças recebia banho de cromo. Ettore achava que tal metal era vulgar demais para os carros, substituindo-o por banhos de prata.

O Royale era o exagero sobre rodas: 12,7 litros de cilindrada, mais de 6 metros de comprimento e cerca de 3 toneladas

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

Seu motor, um oito-em-linha (desenvolvido a partir de um 16-cilindros aeronáutico), começou com 14.726 cm3 de cilindrada e 300 cv de potência a apenas 1.700 rpm. Isso mesmo, 14,7 litros! A partir do segundo chassi, os motores tiveram sua cilindrada reduzida para “discretos” 12.763 cm3 e a potência para 278 cv. O motor media 1,42 metro de comprimento, usava 23 litros de óleo lubrificante e 68 litros de água no radiador. O câmbio era de três marchas, com a segunda direta (1:1) e a terceira overdrive.

O Royale foi um divisor de águas na história da empresa. Até então, os Bugattis eram carros de competição modificados para uso nas ruas e criados conforme os desejos de Ettore. A partir dele, a influência de seu filho mais velho Jean começou a aflorar, até que se tornasse a principal voz na criação dos veículos, como no lendário tipo 57, um carro que Jean desenhou de cabo a rabo.

Em 1927, um ano após a apresentação do Royale, a Bugatti inaugurava seu departamento próprio de carrocerias, onde Jean criaria obras nunca antes vistas. O Royale provou ser dificílimo de vender, situação que piorou com a quebra da bolsa de Nova York em 1929. Apenas seis carros foram criados em seis anos, de 1926 a 1931, mas três ficariam por décadas com a família Bugatti.

O primeiro a ser vendido (chassi 41111) foi o lendário roadster encomendado pelo milionário francês Armand Esders. Com suntuosos 6,23 metros de comprimento, o Esders Roadster foi uma obra-prima de estilo e proporção. Inspirado no tipo 55, Jean criou um carro onde os pára-lamas se uniam em uma única linha, sem nenhuma parte reta em toda a lateral.

A pedido de Esders, o carro não tinha capota nem faróis: seria usado apenas em dias claros, em ocasiões especiais.

O primeiro Royale, feito para o milionário francês Esders, não tinha capota nem faróis: seria usado apenas em dias claros e ocasiões especiais

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

A carroceria original foi trocada pelo segundo proprietário. O hoje chamado Coupé de Ville Binder pertence à coleção Harrah, juntamente com o último Royale, o de chassi 41150, que permaneceu nas mãos da família Bugatti até 1951. Mas uma reprodução exata do original ainda pode ser vista no Museu Nacional do Automóvel de Mulhouse, França. Apreciá-lo ao vivo é uma experiência única e recomendável.

Em 1931, Ettore já havia deixado a operação da fábrica sob a responsabilidade de Jean, então com apenas 22 anos.

Quando uma greve estourou em 1936, Ettore, um homem que dirigia sua empresa como um senhor feudal, ficou extremamente abalado, a ponto de abandonar Molsheim e se exilar em Paris, onde passou a se concentrar no lucrativo negócio de trens.

Os trens Bugatti são uma história a parte: eram vagões integrados à locomotiva, altamente aerodinâmicos e propelidos por uma combinação de dois ou quatro motores de oito cilindros em linha do Royale. Bateram vários recordes de velocidade, mantiveram-se em operação até 1958 e garantiram a sobrevivência da empresa durante a crise dos anos 30.

O 57 Ventoux: motor com câmaras hemisféricas e duplo comando no Bugatti mais vendido entre os clássicos – 710 unidades no total do tipo 57

O elegante tipo 57 Enquanto isso, Jean ficou livre para inovar em “sua” fábrica. Seu tipo 57 é provavelmente o melhor dos Bugattis clássicos — e o mais vendido, 710 unidades. O motor continuava na clássica configuração oito-em-linha, mas agora contava com duplo comando de válvulas no cabeçote e câmaras de combustão hemisféricas. Com 3,3 litros de cilindrada, era muito mais eficiente que o tradicional três-válvulas.

A versão 57S era mais baixa e com chassi mais curto, e a 57SC contava com compressor mecânico para atingir potências de até 230 cv. Lubrificação por cárter seco, amortecedores telescópicos e, nos últimos modelos, freios hidráulicos eram novidades do carro.

Sobre o chassi 57SC Jean criaria obras de arte como o Atlantic, cujo destaque era a “espinha dorsal” por toda a extensão do teto

As maiores e mais influentes criações estilísticas de Jean seriam criadas sobre o chassi 57SC. A mais famosa foi o 57SC Atlantic, com sua inconfundível “espinha dorsal”, uma aba de junção rebitada em toda a extensão do teto. Jean inicialmente queria uma suspensão independente na dianteira, mas Ettore vetou-a pela aparência, em favor do tradicional eixo dianteiro usinado. A liberdade de Jean não era completa.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

Outro fato curioso: o cabeçote do tipo 57 (bem como o do tipo 50, que veio antes) era na verdade uma cópia do que equipava o Miller 91. Jean comprou dois exemplares desse revolucionário carro de competição americano, com tração dianteira, para estudos. Harry A. Miller, o criador do carro, era por coincidência considerado o “Bugatti dos EUA”, por ser também um engenheiro-artista.

Um tipo 57SC Atalante, uma das carrocerias mais belas de Jean Bugatti. Acabamento interno e externo impecáveis

Os dois Millers 91 foram resgatados da fábrica falida na década de 50 pelo historiador americano Griffith Borgenson, que os restaurou e doou ao Instituto Smithsonian de Nova York, de cujo acervo fazem parte até hoje.

O fim

Quando Ettore começou a criar carros, em 1899, Enzo Ferrari era um menino. William Lyons, da Jaguar, só criaria seu primeiro carro-esporte no final dos anos 30, quando a Bugatti já era uma marca de tradição.

Mas em comum com esses dois pioneiros, uma infeliz história: todos criaram filhos com a intenção de torná-los seus sucessores. E, tragicamente, todos os três perderam esses filhos antes que pudessem fazê-lo de modo completo.

O motor de oito cilindros em linha, duplo comando e compressor do tipo 57SC. Note o acabamento e a beleza das peças. Uma verdadeira obra de arte, exposta como tal

Jean Bugatti morreu em 1939, com apenas 30 anos de idade, em um acidente ao testar uma versão de seu clássico tipo 57SC.

Ettore nunca se recuperou dessa dor. Em 1947, morreu com 66 anos.

Outro pioneiro, este contemporâneo de Ettore, também criou seu herdeiro e sucessor mas felizmente não o perdeu: Ferdinand Porsche.

Seu filho Ferry praticamente criou a marca Porsche e foi instrumental em sua sobrevivência como empresa independente.

A Ferrari é hoje da Fiat, e a Jaguar, após vários donos, da Ford.

No Brasil

Nos anos 70 e 80 foram produzidas, pela Tander Car, réplicas dos Bugattis tipo 35 e tipo 59, mas impropriamente impulsionadas por mecânica Volkswagen a “ar”.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

GuiaK, Tudo sobre Carros, Lançamentos, História das Marcas.

A Bugatti fechou as portas em 1951, efetivamente sem direção. Os outros herdeiros de Ettore (Roland e as duas filhas, L’Ébé e Lidia) tentaram continuar a fábrica, criando o tipo 101 (um 57 modificado), de 1951, e o 251 de competição, de 1956, com motor central-traseiro, mas sem êxito. O 101, apesar de seguir as linhas dos cabriolets de sua época, possuía o desenho da dianteira nitidamente inspirado nos primeiros modelos de competição.

A trajetória da Bugatti e seu fundador forma um oposto exato da de outro pioneiro: Henry Ford. Enquanto Ford mostrou o caminho para as pessoas que realmente querem ganhar dinheiro fabricando automóveis, criando a produção seriada de carros idênticos, Bugatti mostrava o outro caminho, infelizmente de menor sucesso na maioria dos casos: a produção de obras de arte ambulantes, imagens vivas da imaginação de um criador obstinado a realizar seu sonho sobre rodas, não importando o preço que um dia viria a pagar por isso.

Os carros de Bugatti passaram à história como uma verdadeira coleção de obras-primas, cuja perfeição estética, para muitos, jamais será igualada

Ninguém deve menosprezar a importância histórica de Henry Ford. Contudo, se observarmos em retrospectiva, veremos que alguns Fords — assim como modelos de fabricantes com a mesma proposta — são muito interessantes, outros até memoráveis, mas a maioria é no máximo banal ou, em alguns casos, medíocre.

GuiaK, Bugatti, História da Bugatti.

"Compartilhe"

GuiaK, Bugatti, História da Bugatti.

História das Marcas

Bugatti, Guiak, História das Marcas de Carros.

História da Alfa Romeo

História da Aston Martin

História da Audi

História da Bentley

História da BMW

História da Bugatti

História da Caoa Chery

História da Chevrolet

História da Chrysler

História da Citroën

História da Effa

História da Ferrari

História da Fiat

História da Ford

História da GMC

História da Great Wall

História da Honda

História da Hyundai

História da Iveco

História da JAC

História da Jaguar

História da Jeep

História da Kia

História da Lada

História da Lamborghini

História da Land Rover

História da Lexus

História da Lifan

História da Maserati

História da Mazda

História da McLaren

História da Mercedes-Benz

História da Mini

História da Mitsubishi

História da Nissan

História da Peugeot

História da Porsche

História da Ram

História da Renault

História da Subaru

História da Suzuki

História da Tesla

História da Toyota

História da Volkswagen

História da Volvo